segunda-feira, 19 de outubro de 2015

NO NORDESTE EXISTE RAP SIM ,ENTREVISTA COM DJ JOH 189 .

DJ JOH 189
POR: IZABELA REIS/ VIA: POLIFONIA PERIFERICA 
Paraibano, de Campina Grande, Thiago Alcântara é DJ JOH 189, (DJ JÓ) ,produtor, ativista social e diretor de arte formado  pelo curso de Arte  e Mídia (UFCG).
Começou como DJ quando morou nos EUA em 2004 participando como DJ da ONG Black NJ, voltando ao Brasil em 2008, fundou e coordenou o Núcleo Hip Hop Campina. Em 2008 foi um dos coordenadores e também atração do evento Rap e Repente realizado pelo MINC. Produziu o documentário Hip Hop Campina, o primeiro vídeo documentário na Paraíba sobre a cultura Hip Hop.
Tocou ao lado de renomados artistas do Hip-Hop e da musica nacional , como Cartel Mc’s, Zafrica Brazil, Japão(Viela 17) e hoje, produzindo em seu  Studio e Gravadora , a  189 RECORDS, se destaca nos eventos sociais e corporativos regionais e nacionais, pelo seu bom gosto e vasto repertório musical, misturando a musica regional Nordestina,  as batidas eletrônicas e as novas tendências.
1.COMO VOCÊ VÊ HOJE A CULTURA HIP HOP E O RAP EM SI, NO NORDESTE?
A cultura Hip Hop e o rap hoje no NE estão mais maduros, só vem crescendo, nos anos 90 a gente viu o rap do NE nascer com o movimento Manguebeat, representado pelo grupo Faces do Subúrbio e isso foi ótimo porque os caras já começaram misturando rap com embolada de coco, com um sotaque próprio, essa semente foi plantada e hoje a gente vê os frutos, um rap com identidade própria, influencias na rima não faltam, desde Patativa do Assaré, João Gonçalves, Zé Limeira… A historia de poesia no NE é muito rica… O coco embolada e o repente lembra muito o rap, o lance dos travodadres… toda essa fervura ai acaba dando um tempero a mais no rap NE.
2.COMO VOCÊ, UM PRODUTOR NORDESTINO, OBSERVA E SENTE OS ESTERIÓTIPOS SOBRE O RAP NO NORDESTE?
Eu e muita gente aqui do NE não curti esse lance de estereotipo, tipo, o cara coloca um chapéu de palha e sai rimando “vixe, cabra da peste, sou do nordeste”, isso aí já era ta ligado… Tem um artista, que prefiro não falar o nome, mas é quem mais usa o nome do nordeste no rap nacional, só que nem aqui no NE mora e nunca fez nada pelo rap daqui, vive no “EIXO”, não olha para os irmãozinhos sofridos daqui do NE. E ainda tem esse lance do estereótipo porque o NE agora é outro, é um pseudo saudosismo, o nordeste mudou, esta mais moderno, mais atualizado, mais informado, mais educado… O contexto é outro… Hoje você vai na roça ver os agricultores chegando de moto na plantação… Recentemente eu escutei um rap do FUNKERO falando do NE e achei muito bom saca… Tem que saber falar, tem que ter conceito.
3.DE FORMA GERAL, O QUE O RAP AINDA CARECE?
O rap carece acordar que a revolução chegou, agora as grandes gravadoras já eram, o formato CD já era, a parada agora é outra e é a hora que todos tem chance, a musica independente é essa revolução…. Adoro entrar no soundcloud e conhecer gente como eu que faz Rap, curti sons novos, essa musica independente é um rap mais puro , sem ser tocado pela grande indústria musical, o Hip Hop em geral foi que começou essa revolução e temos que estar atualizados a isso.
4.EXISTE UNIÃO NO RAP? POR QUÊ?
O Rap é unido sim, em minha opinião o rap tem seus defeitos e qualidade como qualquer outro meio artístico. Onde existe arte, existe muito ego, onde existe muito ego as coisas são meio tensas e o rap é assim… E mesmo assim ainda acho que somos unidos, basta alguém atacar a cultura que você logo vê essa união.
5.NA SUA OPINIÃO, QUAL A CAUSA DESSES ESTERIÓTIPOS E BARREIRAS CONTRA O NORDESTE, MUSICALMENTE FALANDO?
Eu acho que essas duas coisas, as barreiras e os estereótipos vão contra todos que não são do circuito RJ – SP, e na verdade eu usei essas barreiras como vantagem, nunca negando o que eu sou, ou da onde eu venho, tenho orgulho de dizer que sou de Campina Grande na Paraíba, aqui nasceu Cassiano, um ícone da soul music brasileira, poucos sabem disso mais ele é daqui.
 Nunca tive vergonha da minha cultura e isso no começo era visto como uma coisa meio esquisita e exótica  até mesmo aqui no NE, já que muita coisa é imitação acaba sendo diferente, soa estranho, mas mesmo sendo estranho, é o que te destaca dos outros, você ter uma identidade, ter raiz. Lancei uma BeatTape chama Azulão, homenagem a um pássaro valente do sertão, só com Sampler da música brasileira dos anos 70, foi uma pesquisa de 4 anos e muitos Vinis ,isso traz uma identidade, é justamente essas coisas que faz a diferença, o Brasil é muito diversificado, são varias culturas dentro de uma só, e como disse Chico Science, “Modernizar o passado é uma evolução musical”.
AGRADECIMENTOS FINAIS
Queria deixar um salve para vocês que trabalham na Polifonia periferia e também para os leitores, a comunicação dessa forma é revolução, vocês fazem a diferença. Queria deixar também o link do canal da 189 RECORS no youtube, quem quiser é só se inscrever e acompanhar os lançamentos, e também o link do meu soundcloud que é onde eu posto meus Beats, mais uma vez muito grato e um forte abraço a todos vocês.
POR: IZABELA REIS/ VIA: POLIFONIA PERIFERICA
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